O povoamento das Américas ainda revela-se um terreno muito obscuro à compreensão humana. Até meados dos anos 90, o modelo de povoação americana mais aceito era o "Modelo Clóvis", o qual dizia que o homem chegou à América através do Estreito de Bering, estabeleceu-se no Novo México e colonizou todo o resto da América. Porém, em 1980, na Lagoa Santa em Minas Gerais, os cientistas Walter Neves e Mark Hubbes encontraram os ossos daquela que seria uma das primeiras a chegar ao continente americano, dando-lhe o nome de Luzia. A grande importância desse material consiste na sua antiguidade, pois data de um período anterior ao material do "Modelo Clóvis", e na sua morfologia, pois apresenta traços da raça negra, ao contrário dos ossos de homens com feições asiáticas encontrados na América do Norte.
No entanto, essa notória descoberta não foi aceita de imediato. Neves, ao expor sua teoria, ia de encontro ao Modelo Clóvis que, desde 1932, era o único valido para explicar a povoação nas Américas. Este mostra que possivelmente ancestrais dos ameríndios vieram da Sibéria sendo visto como um conhecimento inabalável, até a grandessíssima descoberta do antropólogo brasileiro. A descoberta dos fósseis mineiros e, conseqüentemente, a nova teoria não recebeu reconhecimento de imediato. Walter Neves iniciou suas publicações sobre esse tema em revistas científicas em 1989, contudo só ganhara notabilidade nove anos depois. Mais fundamentado do que "Clovis first" - como ficou conhecido-, além dos processos de datação, suas pesquisas foram feitas a partir de analise de DNA, comparando com o dos fósseis africanos constatando o real parentesco entre essas duas espécies. Dessa forma Neves teve sua teoria aceita no mundo científico.
A descoberta dos cientistas é essencial para nos revelar a datação da chegada dos paleoíndios. Ao contrário do que pensavam os defensores do “Modelo Clovis”, os primeiros americanos datam de aproximadamente 11 mil anos. Os achados em Monte Verde, sul do Chile, também marcaram o sepultamento deste modelo. Pois, através de datações radiocarbônicas produzidas, em 1997 por Tom Dillehay da Kentucky University, demonstrou que o homem ocupava a região a pelo menos 12.300 anos. Nos fins dos anos 90, Anna Roosevelt – pesquisadora norte-americana – identificou sinais de ocupação na floresta amazônica contemporâneos aos homens Clovis. Ela sugeriu o “Modelo Clovis em contexto”, o qual nega a cultura Clovis como a primeira manifestação humana no Novo Mundo, e sim como uma das muitas a ocuparem a America.
Partindo de uma área sem muita pesquisa - por falta de materiais para estudo -, e que possuía alguns preceitos considerados quase imutáveis–como era considerado o “Modelo Clóvis-, Neves conseguiu, através de ossos encontrados em território brasileiro, trazer uma nova visão sobre a ocupação da América e principalmente, garantiu uma maior importância para paleontologia e a arqueologia brasileira que por muitos anos permaneceu estática e sem novas possibilidades de estudo. Com as novas descobertas do cientista brasileiro , a arqueologia e a paleontologia mundial concentra agora grandes atenções em descobrir como e quais foram os povos que foram realmente os pioneiros na América, e também estudando a fauna,flora e possíveis comportamentos desses povos.
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